Sem ter onde dormir em Viena


Depois do sufoco que passamos sendo barrados na viagem à Hungria, Anne e eu voltamos de trem à capital austríaca e pegamos o ônibus para o camping onde havíamos passado as três noites anteriores.

Quando chegamos, ele já estava fechado. Os check-ins encerravam às 22h. Sem ideia de aonde ir e muito menos com dinheiro para pagarmos um hotel no centro da cidade, saímos caminhando pelas ruas da vizinhança.

Minha sugestão era bater nas portas das residências e pedir para que, caridosamente, nos deixassem passar a noite lá. Tudo bem que isso já tinha funcionado em Portugal, mas, cá entre nós, há um abismo entre a hospitalidade lusitana e a austríaca.

Portanto, logo percebemos que isso não daria certo em Viena. Foi então que encontramos um sobrado com uma placa informando que havia quartos para hóspedes. Ou seja, era uma pousada.

Check-in?

Tocamos a campainha várias vezes em vão. Passamos pelo portão aberto, abrimos a porta destrancada e procuramos por alguém na recepção. Ninguém.

Continuamos ousados. Subimos até o primeiro andar, até o segundo e giramos a maçaneta de um quarto no terceiro piso. A porta se abriu e vimos que o quarto, com cama de casal, estava arrumadinho. “É aqui mesmo”, concordamos.

Dormimos muito bem e acordamos cedíssimo para tomarmos um longo banho antes de partirmos – de preferência sem encontrarmos os donos da casa.

Check-out?

Depois do banho, arrumamos a cama e tentamos apagar todos os vestígios da nossa estadia. Nos vestimos, colocamos as mochilas nas costas e, quando íamos descendo sorrateiramente as escadas, a anfitriã nos surpreendeu. Como dois anjinhos, dissemos algo como: “Puxa, íamos procurá-la agora porque chegamos tarde e já temos que ir agora cedo.”

Duvido que ela tenha acreditado, mas não houve estresse, pagamos pelo quarto e fomos embora. O preço era até razoável, mas se soubéssemos que pagaríamos pela cama, teríamos continuado dormindo nela pelo menos a manhã inteira.

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